Ja vimos que o método das Velocidades Radiais nos permite obter importantes informações acerca da orbita dos planetas e até da sua massa. Voltaremo-nos agora para um outro método muito importante: o Trânsito.
Quando um planeta orbita a estrela-mãe num plano paralelo (ou proximo) a nossa linha de visão (de acordo com a giria das velocidades radiais, quando i≈90º), este "transita" o disco da estrela. Isto significa que o planeta passa em frente da estela, ocultando um pouco da luz que chega até nos. O fenomeno usa do mesmo principio do transito de Vénus ocorrido em 2004 e intensamente agraciado pela comunicação social (do qual muitos se lembrarão). A grande diferenca é que nos não vamos poder ver a "sombra" do planeta no disco estelar mas apenas detectar a redução da luminosidade total que nos chega da estrela. Temos entao aquilo que se chama uma curva de trânsito, onde se detecta esta diminuição. Como os planetas são muito mais pequenos que as estrelas, a diminuição da luz é muito pequena e para a larga maioria dos planetas não é detectavel de todo. Os planeta com o trânsito mais pronunciado descoberto conduz a uma depressão em luminosidade de cerca de 3%, estando o mais ténue no limite dos milionésimos do fluxo estelar. Estas variações são de dificil detecção, contendo assim as curvas de transito muito ruido, como vemos nesta animação.
A variação na luz colectada da-nos uma importantissima informação:a razão entre o raio do planeta e o raio da estrela-mãe. Como o raio das estrelas pode ser muitas vezes medido ou calculado com bastante precisão através de modelos teoricos, obtemos assim o valor do raio do planeta!
A utilidade deste metodo e inegavel. Utilizado em conjunto com as velocidades radiais, permite um abrangente diagnostico. O estudo da curva de transito permite-nos determinar o valor do angulo de inclinacao i da orbita. Ora com tal obtemos o valor real da massa do planeta e nao a massa minima. Ao se determinar o raio do planeta, podemos calcular entao a densidade média do mesmo. A densidade é um parametro particularmente importante, pois permite-nos inferir a composição planetaria, ou pelo menos especular quais os elementos mais abundantes.
No entanto, o método dos trânsitos apresenta uma desvantagem que não afecta tão seriamente as velocidades radiais: os "falsos positivos". "Falso Positivo" é a designação atribuida na giria do meio a um sinal que apresenta todas as caracteristicas de um verdadeiro planeta mas não o é. E é impressionante o numero de combinações celestiais que podem criar um falso positivo! Desde estrelas que orbitam mutuamente mas apenas se ocultam parcialmente à passagem de nuvens de poeira em frente aos telescopios durante curtos intervalos de tempo! Isto parece quase uma piada mas não o é; ocorreu no observatorio de La Palma, nas ilhas Canarias, onde chega o efeito de tempestades no Sahara. Por estas razões os "candidatos a transito" são observados em velocidade radial como meio de confirmação. De qualquer das maneiras, tal não reduz a importancia desta abordagem.
Dentro em breve apresentarei os resultados mais impressionantes das campanhas de transito, e verão que o são!
Um abraco,
Pedro